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Com Zanin, Lula se torna terceiro presidente da história com mais indicações ao STF

Com Zanin, Lula se torna terceiro presidente da história com mais indicações ao STF

Presidente está empatado com João Figueiredo, da ditadura militar, com nove ministros apresentados; Vargas lidera lista

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Com o advogado Cristiano Zanin, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a nove indicações de ministros para o Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo número de João Figueiredo, último presidente da ditadura militar (1964-1985).
Eles ocupam o terceiro lugar do ranking de indicações de todos os chefes de Estado brasileiros. Na primeira posição está Getúlio Vargas, seguido por Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, que recomendaram, cada um, 15 nomes.

Zanin, que teve a indicação publicada no Diário Oficial da União na quinta-feira, precisa ser sabatinado pelo Senado para assumir a vaga, aberta com a aposentadoria, em abril, de Ricardo Lewandowski, também recomendado por Lula.

O advogado recém-indicado precisa ser aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e pelo plenário do Senado.

Até o fim da primeira era de Lula na Presidência, Eros Grau, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia também foram indicados. No segundo mandato, ele nomeou Menezes Direito e Dias Toffoli.

O R7 levantou, com base em informações do STF, todas as indicações à Corte desde a Proclamação da República, em 1889. O líder da lista, Getúlio Vargas, empossou oito ministros de 1930 a 1937, 11 durante a ditadura do Estado Novo e dois em 1951, quando voltou à Presidência por meio do voto (confira o ranking completo abaixo):

1º. Getúlio Vargas (1930-1945; 1951-1954): 21
2º. Deodoro da Fonseca (1889-1891) e Floriano Peixoto (1891-1894): 15
3º. João Figueiredo (1979-1985) e Lula (2002-2010; 2023-atualidade): 9
4º. Castello Branco (1964-1967): 8


5º. Prudente de Moraes (1894-1898): 7
6º. Ernesto Geisel (1974-1979) e Hermes da Fonseca (1910-1914): 6
7º. Dilma Rousseff (2011-2016), José Sarney (1985-1990), Arthur Bernardes (1922-1926) e Rodrigues Alves (1902-1906): 5
8º. Fernando Collor (1990-1992), Juscelino Kubitschek (1956-1961), Costa e Silva (1967-1969), Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), Wenceslau Braz (1914-1918) e Washington Luiz (1926-1930): 4


9º. Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), José Linhares** (1945-1946), Manoel Victorino Pereira*** (1896-1897) e Epitácio Pessoa (1919-1922): 3
10º. Jair Bolsonaro (2019-2022), Nilo Peçanha (1909-1910), Affonso Penna (1906-1909), Campos Salles (1898-1902) e João Goulart (1961-1964): 2
11º. Michel Temer (2016-2019), Itamar Franco (1992-1995), Jânio Quadros (1961-1961), Nereu Ramos* (1955-1956) e Delfim Moreira (1918-1919): 1

* Era presidente do Senado empossado presidente da República durante dois meses e 21 dias;
** Era chefe do Poder Judiciário e assumiu após a deposição de Getúlio Vargas;
*** Foi presidente interino durante o afastamento de Prudente de Morais por motivos de saúde.

Críticas a Zanin e sabatina no Senado

Apesar das críticas da oposição à indicação de Zanin, que foi advogado de Lula na Lava Jato, o nome dele não deve enfrentar resistência no Senado. A aprovação, contudo, esbarra em disputas que envolvem políticos de robusta influência no país, como o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN) afirmou, na sexta-feira, que “há um problema constitucional claro na questão do princípio da impessoalidade”, mas que aguardaria o andamento do processo de escolha antes de falar em judicializar o caso. O líder disse que receberia Zanin em visita de cortesia, o que é comum nesse processo de indicação, mas que “entre receber e votar favoravelmente há uma diferença”.

Já na avaliação do senador Plínio Valério (PSDB-AM), “indicar o advogado particular é antiético”. “Ou deveria ser para um presidente da República. Minha expectativa é de que, finalmente, parece que teremos uma sabatina de verdade.”

O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) considerou “inadequada” a indicação, mas ressalvou que não há “restrição legal” que impeça a sugestão. Já Sergio Moro (União Brasil-PR) questionou se Zanin “irá se dar por impedido em casos do interesse de seu cliente e amigo, o presidente Lula”.

Sustentando não haver nada contra a pessoa de Zanin, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) afirmou que votará contra a indicação por acreditar haver conflito de interesses. “Isso não pode ser uma coisa paroquiana. Estamos falando de um ministro do Supremo que vai ficar aí por décadas.”

FONTE Ana Isabel Mansur / R7