Segundo dia de júri popular teve atraso e suspensão dos trabalhos após discussão entre testemunha e advogado
A deliberação sobre a ordem das falas levou a um atraso de uma hora e meia, pela manhã. A sessão só teve início às 10h30min.
“Por toda essa movimentação de contatos… Justamente no dia da morte do doutor Becker, ele [Juraci] mantinha contato, por exemplo, com o Moisés Gugel [na época, assessor do andrologista Bayard Fisher e acusado de intermediar as conversas entre o médico e o traficante] e, na sequência, com um cara de dentro do presídio… depois, com outro que estava na rua e, aí, voltava de novo a ter contato com o Gugel.
O ex-inspetor também salientou que Becker exercia influência em decisões, tanto do Cremers, quanto do Conselho Federal de Medicina (CFM). “O doutor Becker era bastante ativo e bastante influente. Isso a gente verificou. Ele tinha uma influência gigantesca, tanto no Cremers, quanto no Conselho Federal de Medicina, que eu me recordo, inclusive, o doutor Becker foi conselheiro federal”, salientou.
No entendimento do Ministério Público Federal, o médico Bayard Ollé Fischer Santos, alvo de uma investigação ética do Cremers e prestes a perder o diploma após a recomendação de Becker, se uniu a Juraci da Silva, que devia favores a ele, para planejar o crime. Já o Michael Noroaldo Garcia Câmara, para a acusação, executou o assassinato, e Moisés Gugel, ex-assessor do andrologista, intermediou as conversas entre Bayard e Juraci.
Durante o período de fala do advogado Jean de Menezes Severo, defensor do traficante, uma discussão entre ele e a testemunha suspendeu a sessão, por cerca de 40 minutos. No entendimento da defesa, Fleury perdeu o prazo para uma diligência, em meio à investigação do caso, o que o delegado negou.
Nessa terça, o delegado responsável pela investigação, Rodrigo Bozzetto, prestou depoimento por mais de sete horas. Ele relatou que “era público e notório” o conflito entre a vítima e Bayard, acusado de ser o mentor do crime. Na visão do policial, os outros envolvidos participaram “porque eram subordinados” a ele.
Ainda devem ser ouvidos, por parte da acusação, o médico e ex-conselheiro do Cremers Fernando Weber Mattos, o major Márcio Batista Nunes Homem e, por videochamada, o perito da Polícia Federal, Marco Antônio Zatta. Também devem prestar depoimento 11 testemunhas de defesa, antes dos quatro réus.
A sessão, então, vai prosseguir com os debates orais da acusação e das defesas, com possibilidade de réplica e tréplica. Ao final, o juiz federal Roberto Schaan Ferreira, que preside o julgamento, se reúne com o júri, composto por quatro mulheres e três homens, para a votação dos quesitos da sentença final.
O processo passou a tramitar na Justiça Federal, que recebeu a denúncia em 2013, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) interpretar que o homicídio havia sido motivado pela influência que Marco Antônio Becker exercia Também diante do Conselho Federal de Medicina (CFM).
O assassinato de Becker, que era oftalmologista, ocorreu na noite de 4 de dezembro de 2008, quando ele saía de um restaurante na rua Ramiro Barcelos, no bairro Floresta, na capital. Quatro tiros foram disparados por dois homens, em uma moto. A morte ocorreu em decorrência de uma hemorragia interna.