O Ministério da Saúde apresentou, nesta quinta-feira, o novo Boletim Epidemiológico de HIV/Aids no Brasil. Conforme os dados, 1 milhão de pessoas viviam com a doença no Brasil em 2022. Desse total, 90% (900 mil) foram diagnosticadas, 81% (731 mil) das que têm diagnóstico estão em tratamento antirretroviral e 95% (695 mil) de quem está em tratamento antirretroviral têm carga indetectável do vírus.
Conforme o boletim, o Brasil registrou queda de 25,5% no coeficiente de mortalidade por HIV/Aids nos últimos dez anos. Apesar da redução, cerca de 30 pessoas morreram da doença por dia no ano passado.
O documento alerta que 61,7% dos óbitos foram entre pessoas negras (47% em pardos e 14,7% em pretos) e 35,6% entre brancos. Esse aumento de casos entre pretos e pardos representa mais da metade das ocorrências desde 2015.
Em 2022, entre os casos de infecção pelo HIV notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 29,9% ocorreram entre brancos e 62,8% entre negros (13% de pretos e 49,8% de pardos).
No mesmo ano, entre os homens, 30,4% dos casos notificados ocorreram em brancos e 62,4% em negros (12,8% de pretos e 49,6% de pardos); entre as mulheres, 28,7% dos casos se verificaram em brancas e 64,1% em negras (13,8% de pretas e 50,3% de pardas). Para os casos notificados de Aids, o cenário também preocupa: dos 36.753 diagnosticados, 60,1% estão entre a população negra.
Estima-se que, atualmente, um milhão de pessoas vivam com HIV no país. Desse total, 650 mil são do sexo masculino e 350 mil do sexo feminino.
De acordo com o Relatório de Monitoramento Clínico do HIV, na análise considerando o sexo atribuído no nascimento, as mulheres apresentam piores desfechos em todas as etapas do cuidado. As porcentagens mostram a diferença: enquanto 92% dos homens estão diagnosticados, 86% das mulheres possuem diagnóstico; 82% dos homens recebem tratamento antirretroviral, mas 79% das mulheres estão em tratamento; e 96% dos homens estão com a carga viral suprimida – quando o risco de transmitir o vírus é igual a zero – mas o número fica em 94% entre as mulheres.
As informações do Ministério da Saúde é que no Brasil há insumos necessários para tratamento da doença, e que houve aumento, neste ano, em 5% da quantidade total de pessoas em tratamento antirretroviral em relação a 2022, o que totaliza 770 mil pessoas.
Durante a apresentação do Boletim, o Diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério, dr. Draurio Barreira, informou que uma das formas de prevenção contra o HIV é o uso da Profilaxia Pré-Exposição – PrEP- que é um método que consiste em tomar comprimidos antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV.“Essa é nossa prioridade absoluta neste momento, expandir o uso de PrEP e de todas as formas de prevenção, preservativos internos, externos, testagem antes, testagem regular, e todas as formas combinadas para que a gente consiga realmente, mudar completamente a curva da epidemia no Brasil”.De acordo com o boletim epidemiológico, a Profilaxia Pré-Exposição é mais acessada pela população branca (55,6%), em comparação com as pessoas pardas (31,4%), pretas (12,6%) e indígenas (0,4%), dado que reforça a importância do detalhamento dos registros no SUS e a necessidade de ampliação de acesso para pessoas pretas e pardas.Para o início de 2024, o Ministério da Saúde prevê investir mais R$ 40 milhões em um edital nacional com o objetivo de envolver a sociedade civil na ampliação da prevenção e diagnóstico. O que inclui os movimentos sociais, universidades, fundações, sociedades científicas e Organizações Não-Governamentais (ONGs) em uma grande mobilização de saúde.FONTE