Presidente participou de cerimônia de formatura no Instituto Rio Branco; antes dele, ministro Ernesto Araújo atacou a esquerda
Em cerimônia de formatura de novos diplomatas do Instituto Rio Branco, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro pediu para os novos profissionais levarem a “verdade sobre o país ao mundo”.
“Não podemos nos deixar vencer pelas narrativas, o mundo sempre esteve em guerra, mesmo que seja pelas comunicações”, disse o presidente. “A verdade me trouxe até aqui”, completou.
O Instituto Rio Branco, que completa 75 anos em 2020, é responsável por formar os diplomatas do país.
A turma formada em 2020 recebeu o nome de João Cabral de Melo Neto, em homenagem ao poeta e diplomata pernambucano.
Além de Bolsonaro, do vice-presidente, Hamilton Mourão, e do titular da pasta das Relações exteriores, Ernesto Araújo, que em um discurso duro, atacou a esquerda, também participaram da cerimônia diversos ministros do governo federal. Entre eles, os da Economia, Paulo Guedes, da Casa Civil, Walter Braga Netto, do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.
“Precisamos que os senhores mostrem ao mundo que o Brasil está fazendo o que é certo… Estamos reformando nossa economia, cortando gastos, fazendo reformas. Também estamos combatendo a corrupção pelo exemplo, o nosso governo não tem nesses quase dois anos que se completam um só ato de corrupção”, declarou Bolsonaro.
Segundo ele, o governo preservou a liberdade de imprensa e respeita o trabalho dos jornalistas. “Em nenhum momento ouviram desse presidente algo parecido como controle social da mídia”, comentou, em referência a uma das propostas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Apesar de tudo, nós suportamos o que vocês escrevem, sem qualquer retaliação da nossa parte”, disse Bolsonaro.
O presidente também afirmou que o governo vai levar diplomatas de outros países à região da floresta amazônica para que vejam que não há qualquer indício de queimada.
“Não é fácil falar e levar a verdade, mas confiamos em vocês. Nós temos que lutar pelo que é nosso.”
Araújo ataca a esquerda e o homenageado
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, prestou as condolências aos mortos pela Covid-19, “em especial ao senador Arolde de Oliveira”, parlamentar que faleceu nessa quarta-feira, no Rio de Janeiro. “Mas presto também as condolências às famílias dos que morreram por todas as doenças.”
Ao discursar, Araújo afirmou que a diplomacia brasileira está em novo estágio. “O Itamaraty ficou muito tempo vivendo de glórias passadas e esqueceu de jogar o campeonato deste ano.”
Segundo ele, o que as relações exteriores do Brasil tiveram a “libertação” prometida por Bolsonaro quando ele se elegeu presidente da República, em 2018.
Durante a fala, o ministro atacou até mesmo o homenageado pelos formandos de 2020, que colocaram no nome da turma o do poeta pernambucano.
Araújo afirmou que João Cabral de Melo Neto sabia ver os problemas do país, mas falhou no que entendia ser a solução para as questões nacionais: “Desviou-se para o lado errado, para o lado do marxismo e da esquerda, sua utopia consistia em substituir esse Brasil sofrido, pobre e problemático, por um não Brasil, sem patriotismo, sujeito naquela época, anos 50 e 60, pelos desígnios de Moscou, e hoje sujeito aos desígnios sabe-se lá de quem.”
O ministro também criticou a criação da Teoria da Libertação, oriunda da igreja católica, e disse que a esquerda e a oligarquia se uniram para “roubar o povo”.
“O poder oligárquico está pela primeira vez ameaçado”, disse, ao citar o governo de Bolsonaro.
Ele também zombou das afirmações de que o Brasil é hoje um pária internacional, por supostamente se isolar de questões internacionais importantes, e citou acordos obtidos pela atual gestão para provar o contrário.
“Quando nos reunimos com nações amigas para defender a liberdade, dizem que estamos indo contra a Constituição”, afirmou, em alusão à visita do secretário americano Mike Pompeo a Roraima, no final de setembro.
Araújo também declarou que a imprensa integra o “esquema” esquerdista e inventa notícias para aumentar o poder das oligarquias.
“Sobre a seleção pela mídia do que é ou não científico, será que isso corresponde a algum interesse político por trás? Será? Mesmo quando há bilhões e trilhões de dólares envolvidos e o poder sobre países inteiros e sobre a estrutura do poder do mundo? Não pode ser, deve ser teoria da conspiração”, questionou de forma irônica.