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Bolsonaro “jamais acessou ConecteSUS”, declara Fábio Wajngarten

Bolsonaro “jamais acessou ConecteSUS”, declara Fábio Wajngarten

“Nunca soube senha, nunca manuseou. Não houve pedido do presidente”, disse ex-secretário, ao deixar a sede do PL, em Brasília

Foto: Camila Costa / R7

O ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten, afirmou nesta quarta-feira que o ex-presidente nunca acessou o sistema ConecteSUS. “Nunca soube senha, nunca manuseou. Não houve pedido do presidente”, declarou Wajngarten, ao deixar a sede do PL, em Brasília, onde Bolsonaro passou a tarde em conversas com aliados políticos da sigla.

O ex-presidente é um dos investigados em uma operação da Polícia Federal que apura a atuação de um grupo criminoso que supostamente inseria dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

Ainda segundo Wajngarten, Bolsonaro sempre deixou claro que não se vacinou e, por isso, não tinha interesse em manipular dados relacionados à própria imunização. Além disso, ele disse que Bolsonaro, enquanto presidente, não era obrigado a apresentar documento de comprovação de vacina para entrar em outros países.

“Para países onde precisava de qualquer teste ou vacina, o presidente fazia teste anteriormente à viagem ou declinava” afirmou.

O ex-chefe de comunicação afirmou ainda que Bolsonaro vai depor após a defesa se inteirar dos autos do processo. “Todo mundo sabe que o presidente não se vacinou. Todo mundo sabe que o cartão de vacinação do presidente já foi alvo de haqueamento.

A defesa vai estudar o que se encontra nos autos e no momento oportuno vai se manifestar pelo agendamento do depoimento do presidente”, disse.

A defesa do ex-presidente confirmou que uma nova data vai ser marcada para o depoimento. “Não sei se ainda nessa semana, mas, inclusive, é interesse nosso que se promova o quanto antes essa oitiva”, declarou o advogado.

Bolsonaro disse que não existe adulteração por parte dele no documento de vacinação e reiterou não ter tomado o imunizante por “decisão pessoal”. “Fico surpreso com a busca e apreensão com esse motivo”, afirmou o ex-presidente.

A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva na Operação Venire, que investiga a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no sistema ConecteSUS, do Ministério da Saúde. Entre os supostos beneficiados ilegalmente, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a filha dele, Laura Bolsonaro.

Os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão inclusive na casa de Jair e Michelle Bolsonaro. O celular do ex-presidente ficou apreendido. Foram presos Mauro Cid e Luis Marcos dos Reis, ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro; Max Guilherme de Moura e Sergio Cordeiro, seguranças do ex-presidente; Ailton Gonçalves Moraes Barros, candidato a deputado estadual pelo PL no Rio de Janeiro em 2022; e João Carlos de Souza Brecha, secretário da prefeitura de Duque de Caxias (RJ).

De acordo com a Polícia Federal, as inserções falsas foram feitas entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. O crime tinha como suposto objetivo burlar restrições sanitárias e viajar para destinos como os Estados Unidos, que exigiam vacinação à época para entrar no país. As informações foram excluídas posteriormente a essas viagens.

“A apuração mostra que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”, sustenta a corporação.

Os envolvidos passaram a ser investigados por crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. As ações ocorrem dentro do inquérito policial que investiga as chamadas “milícias digitais”, supostas organizações de difusão de informações falsas na internet com o objetivo de influenciar resultados eleitorais e atentar contra a democracia.

O nome da operação deriva do princípio jurídico venire contra factum proprium, que significa “ninguém pode comportar-se contra seus próprios atos”. De acordo com a nota da Polícia Federal, “é um princípio base do direito civil e do direito internacional, que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa”.

FONTE R7