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Bolsonaro cogita “passeio de moto” em Porto Alegre e volta a falar em força militar contra restrições

Presidente encerrou live de quinta-feira citando a capital gaúcha como uma das cidades que pode repetir exemplo do Rio

Foto: Alan Santos / PR / Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro declarou, nesta quinta-feira, na live semanal que mantém em redes sociais, que cidades como “Porto Alegre, Belo Horizonte e Chapecó” podem ter “passeios de moto” semelhantes ao que aglomerou milhares de pessoas no Rio de Janeiro, em meio à pandemia de Covid, no domingo passado.

Direto do Amazonas, o presidente agradeceu aos motociclistas que compareceram ao evento na capital fluminense e disse que o ato deve se repetir. “Vamos ver, quem sabe em Porto Alegre, Belo Horizonte ou Chapecó”, cogitou.

As aglomerações do presidente vêm sendo criticadas pelos órgãos de saúde e pelos senadores que conduzem a CPI da Covid. O Brasil soma mais de 456 mil mortes pela doença, em cerca de 15 meses.

Ainda nesta quinta-feira, o diretor do Instituto Butantã, Dimas Covas, criticou a condução de Bolsonaro na pandemia. Em depoimento à CPI, Covas reiterou que as declarações do presidente interferiram na relação com a China e acusou a gestão federal de atrasar a aquisição de vacinas contra a doença.

Presidente volta a falar em uso das Forças Armadas contra restrições

Mais cedo, o presidente voltou a ameaçar usar as Forças Armadas contra políticas de restrição de circulação adotadas nos estados, em um discurso durante almoço em um quartel em São Gabriel da Cachoeira (AM).

Falando a militares que servem no município, o mais ao norte do Amazonas, em região de fronteira com Colômbia e Venezuela, em meio à floresta amazônica, Bolsonaro não citou diretamente as medidas e a atuação dos governos estaduais, mas repetiu a cobrança de “volta à normalidade”.

“Mais do que obrigação e dever, tenho certeza que vocês agirão dentro das quatro linhas da Constituição, se necessário for”, disse. “Espero que não seja necessário, que a gente parta para normalidade. Não estamos nela ainda, estamos longe dela. Mas ninguém pode acusar o atual presidente de ser uma pessoa que não seja democrática que não respeita as leis e que não aja dentro da Constituição.”

Bolsonaro vem repetindo que está com um decreto pronto para “fazer valer a Constituição”. O texto, preparado pelo advogado-geral da União, André Mendonça, pretende impedir que governadores implementem medidas de restrição de circulação, como fechamento de lojas ou toque de recolher.

O presidente repetiu, também, que está nas mãos dos militares a liberdade no país, uma afirmação que já causou mal-estar em outras ocasiões. Dessa vez, deu tom ainda mais político ao citar o pleito de 2022, em que pretende disputar a reeleição.

“Na política estamos polarizados. Cada um pode fazer o seu juízo sobre quem é o melhor ou o menos ruim. Mas eu duvido que, no fundo, quem porventura fizer uma análise do que aconteceu no Brasil nos últimos 20 anos, que essa pessoa erre no ano que vem”, afirmou.

“O que queremos é paz, queremos progresso e acima de tudo, liberdade. A gente sabe que esse último desejo passa por vocês. Vocês que decidem em qualquer lugar do mundo como aquele povo vai viver”, completou.

Bolsonaro viajou a São Gabriel da Cachoeira para, oficialmente, inaugurar uma ponte construída pelo Exército no rio Igarapé Ya-Mirim. De madeira, com 18 metros de comprimento e apenas seis de largura, a ponte fica em uma estrada de terra a 85 quilômetros da área urbana da cidade.

De acordo com líderes ianomâmis, as tribos foram informadas de que Bolsonaro pretendia visitar uma das aldeias na terra indígena, que fica próxima, mas o Palácio do Planalto não confirmou a visita, especialmente depois de protestos contrários a ele. O presidente constantemente critica o tamanho da área ianomâmi, de 96,6 mil km².

Depois de inaugurar a ponte, Bolsonaro deve pernoitar em São Gabriel.