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Bolsonaro avalia Moro como vice na chapa em 2022

Presidente reconheceu relação tumultuada com Mourão no começo do governo

Moro é cogitado como vice na chapa de Bolsonaro para 2022 | Foto: Rodolfo Buhrer / FotoArena / CP Memória

O presidente Jair Bolsonaro avaliou abertamente a possibilidade de uma chapa com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, como seu vice nas eleições de 2022. Ele disse que é cedo para se apostar na composição com o ex-juiz da Operação Lava Jato. Mas afirmou que Moro, apesar de ainda não ter virado político, “está em adaptação”. A menção a Moro acontece na semana em que seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) foi alvo de busca e apreensão em investigação sobre suposto desvio de verbas na Assembleia Legislativa do Rio. As informações são da Agência Estado (AE).

Segundo o presidente, “todo mundo fala” que o ministro, caso concorra à eleição presidencial de 2022, “tem muita chance”. “Agora, tem de perguntar pro Moro se ele quer, ele agora sabe o que é política.” Ao mesmo tempo, Bolsonaro admitiu que, se for preciso, pode substituir o general Hamilton Mourão como candidato a vice. “Se eu estiver bem, posso ser candidato à reeleição. Questão do vice é peça fundamental na campanha. Mourão está indo bem. Agora, vamos supor que eu esteja razoavelmente bem e tenha que trocar essa peça: já falei com Mourão sobre isso aí.”

O presidente reconheceu que teve uma relação “tumultuada” com Mourão no começo do governo. Agora, segundo ele, isso está superado. Bolsonaro disse que Mourão “está indo muito bem”, mas que, se preciso, poderá escolher outro candidato a vice em 2022. “É uma pessoa bastante equilibrada e sensata. Até ele, se quiser, vamos supor que outro cara queira ser candidato a presidente e ele queira ser vice. Direito dele”, declarou. A ideia de ter Moro como vice foi sugerida no começo do mês pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo e amigo de Bolsonaro, o general Luiz Eduardo Ramos.

Convite

O nome de Moro volta ainda a ser mencionado depois que pesquisa Ibope mostrou que a avaliação negativa do governo cresceu de 34% para 38%, e sua aprovação oscilou de 31% para 29%. Pesquisas mostraram ainda que a aprovação de Moro é maior do que a do presidente. Ontem, Bolsonaro convidou jornalistas para uma visita ao Palácio da Alvorada, um dia depois de ofender repórteres na porta do local. Na sexta-feira, Bolsonaro se exaltou ao ser questionado sobre a operação de busca que teve como alvo seu filho Flávio. Ontem, evitou elevar o tom de voz. Chegou a dizer que questionamentos sobre o processo não teriam réplica, mas acabou respondendo às perguntas.

Na conversa, em tom informal, Bolsonaro usava uma camiseta do Flamengo – que disputaria a final do Mundial de Clubes – e afastava moscas com tapas no ar. Ele disse que a condução da investigação contra Flávio pelo Ministério Público do Rio “está sendo um abuso” e que, se teve um “estardalhaço enorme”, pode ter sido por falta de provas. “O processo tá em segredo de Justiça. Tá, né. Quem é que julga, o MP ou o juiz? Os caras vazam e julgam. Paciência, pô, qual a intenção, um estardalhaço enorme, será porque falta materialidade para ele? E que vale o desgaste agora? Quem está feliz com essa exposição absurda na mídia? Alguém está feliz com isso. Agora, se eu não tiver a cabeça no lugar, eu alopro”, afirmou.

Bolsonaro disse que se controla ao falar com jornalistas e que a mídia o “provoca” para conseguir manchete. E que reflete sobre algumas declarações e se arrepende, em alguns casos. Comparou a relação com a imprensa ao futebol e continuou, em tom irônico: “É igual futebol: ali na frente, de vez em quando, você manda seu colega para a ponta da praia (base da Marinha que teria sido usada como local de tortura na ditadura militar). Depois vai tomar uma tubaína com ele”.

Após ter dito a um jornalista, na sexta-feira, que ele tinha “uma cara de homossexual terrível”, o presidente reconheceu o erro: “Não devia ter falado”. Bolsonaro fez um balanço do primeiro ano de governo. “É uma vida sacrificante. Geralmente, é uma monotonia”, disse. “Se vocês não tivessem aqui, eu teria nadado 200 ou 300 metros e iria para o escritório começar a bolar coisas. Mexer nas redes sociais, mandar zaps para ministro.” E completou: “Tá difícil dia para ser feliz, cara. É só problema. A felicidade é que não tem aparecido nada sobre corrupção. Pode aparecer, nunca se sabe, né? Mas não apareceu nada.”