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Atos de 15 de março geraram divergências entre deputados da Assembleia

Parlamentares gaúchos consideraram legítimos os protestos, mas questionaram o teor dos atos

Zucco defendeu o presidente Bolsonaro em atos sobre o dia 15 

A convocação de parte dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro para a realização de atos públicos no domingo, o que acabou cancelado após pronunciamento, dividiu posicionamentos entre os deputados na Assembleia Legislativa. “O presidente Bolsonaro foi eleito democraticamente para comandar o Brasil. Ao Legislativo cabe elaborar as leis e fiscalizar o Executivo, mas o que se vê é o esforço permanente de inviabilizar um governo que está transformando o país. O STF também tem dificultado o trabalho do Executivo e isso precisa mudar. Chega de boicote”, defendeu o deputado Tenente-coronel Zucco, líder da bancada do PSL e um dos mais atuantes apoiadores de Bolsonaro no Parlamento gaúcho.

Líder da bancada do MDB, o deputado Vilmar Zanchin diz considerar que toda manifestação de pensamento deve ser respeitada e lembra que seu partido tem como marca a participação em atos políticos desde o início do processo de redemocratização do país. “Não assisti nenhuma dessas declarações que sido atribuídas ao presidente Bolsonaro. Sei que ele tem negado a participação na organização deste protestos. Se algo assim ocorreu, seria uma desobediência aos princípios de harmonia e independência entre os poderes e isso não pode ser aceito”, declarou.

Para o líder da bancada do PP, deputado Sérgio Turra, está entre as prerrogativas democráticas expressar inconformidade sobre ações dos setores da Administração pública. “Às vezes é preciso mandar um recado para as instituições. Não vejo que o presidente Bolsonaro tenha incitado a população contra outros poderes. Este não é o papel de um chefe de poder, embora já tenhamos visto acontecer em outras ocasiões no Brasil. Penso que manifestação é possível, desde que ocorra de forma pacífica e ordeira”, pontuou..

O deputado Pepe Vargas, vice-líder da bancada do PT, disse entender que existe atuação política do que chama de “ala mais radical do governo Bolsonaro”. Vargas argumentou que fechamento do Congresso e adoção de regimes autoritários como eventual solução para as questões políticas do país representam violações constitucionais e não devem ser objeto de manifestações democráticas. “É verdade que o Congresso tenta, há anos, aumentar a impositividade sobre o orçamento, mas não é verdade que o Legislativo federal está impedindo o presidente de governar. A economia não se recupera porque não param de ocorrer erros na condução política do Brasil”, analisou.

A líder da bancada do PDT, deputada Juliana Brizola, foi ainda mais enfática em seu posicionamento: “A cada dia que passa, infelizmente, Bolsonaro coloca em xeque a nossa democracia. O presidente, claramente, incita a massa ao fechamento do Congresso Nacional. O que nos faz relembrar os episódios mais tristes de nossa história, durante anos de chumbo; em especial, com o AI 5, que, entre outros absurdos, determinou o fechamento do Congresso. Ser presidente do Brasil é coisa séria, é preciso muita responsabilidade. Tudo que ele fala afeta diretamente nossa economia, a geração de emprego, a bolsa de valores e a vida da população”, disse Juliana.

Para o líder da bancada do PSDB, deputado Mateus Wesp, a discussão ocasionada pela exposição de conflitos entre os poderes no país deveria reacender o debate sobre o sistema de governo no país. “Somos defensores do parlamentarismo, que poderia trazer mais equilíbrio entre os poderes da República”, comentou.

Luiz Sérgio Dibe

Correio do Povo