Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil / CP
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o ataque foi de, pelo menos, R$ 800 milhões e já é considerado um dos maiores do setor financeiro brasileiro. O Banco Central confirmou o ataque, mas não informou os valores envolvidos no episódio.
O crime ainda é investigado pelo Banco Central, Polícia Civil de São Paulo e Polícia Federal. Fontes do mercado estimam que o prejuízo possa chegar a R$ 1 bilhão.
Os hackers usaram a porta de entrada da C&M e teriam acessado contas reservas de seis instituições. Duas delas foram a BMP e a Credsystem.
“O Banco Central determinou à C&M o desligamento do acesso das instituições às infraestruturas por ela operadas”, informou o BC na nota.
O ataque foi especificamente à infraestrutura tecnológica da C&M. Não houve dano ao sistema financeiro ou a contas de clientes.
A instituição disse ter adotado medidas operacionais e legais cabíeis e conta com recursos para cobrir integralmente o valor impacto sem prejuízo à operação e aos parceiros comerciais.
“A BMP segue operando normalmente, com total segurança, e reforça seu compromisso com a integridade do sistema financeiro, a proteção dos seus clientes e a transparência nas suas comunicações”, diz a nota.
Esquema criminoso elaborado
“As informações disponíveis até agora indicam que foi um ataque significativo e provavelmente envolvendo um esquema criminoso elaborado”, afirma Paulo Suzart, consultor de compliance e de cibersegurança.
Movimentações em cripto
Os valores desviados pelos criminosos foram, de acordo com fontes, muito provavelmente destinados a contas de criptoativos, estratégia comum de hackers para evitar o rastreio.
De acordo com Paulo Trindade, gerente de segurança cibernética da ISH Tecnologia, as transações com ativos virtuais possibilitam o anonimato e a velocidade para movimentar grandes somas de dinheiro.
“Fontes sugerem fortemente a possibilidade de que os valores foram movimentados para contas cripto. É um padrão de um grande ataque cibernético como este, focar na questão financeira e, logo em seguida, transformar o valor roubado em criptomoedas”, afirma.
A Truther funciona como um aplicativo que permite a compra de bitcoin e tether com o Pix. A autocustódia significa que o usuário é quem tem as chaves privadas para acessar os ativos digitais.
Diferentemente de carteiras custodiadas por terceiros, como exchanges, a custódia própria oferece maior privacidade, mas também coloca a responsabilidade pela proteção nas mãos do usuário.
Uso de credenciais de clientes
Em nota, a C&M informou que a ação criminosa ‘incluiu o uso indevido de credenciais de clientes para tentar acessar de forma fraudulenta’ os sistemas e serviços.
A empresa diz que está colaborando ativamente com o Banco Central e a Polícia Civil de São Paulo nas investigações. De acordo com comunicado, as medidas previstas nos protocolos de segurança C&M foram integralmente executadas diante do ataque.
Em nota, a Credsystem informa que “está ciente do incidente cibernético sofrido pela prestadora de serviços C&M Software. O impacto direto nas operações da Credsystem se restringe apenas ao serviço de PIX, que está temporariamente fora do ar por determinação do BC.”
A empresa informa que está colaborando com os envolvidos para o rápido restabelecimento do serviço.