Superbloco do presidente da Câmara vai ter prioridade na escolha da composição da mesa da comissão
Em meio à disputa entre o governo e a oposição pela relatoria da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vem trabalhando nos bastidores para indicar o nome do deputado André Fufuca (PP-MA) para a função.
Como o “superbloco” de Lira conta com a maior representação na Câmara, a presidência ou a relatoria da comissão deve ficar com um dos nove partidos desse grupo (PP, União, PDT, PSB, Solidariedade, Avante, Patriota, Cidadania e PSDB).
No entanto, mesmo sendo esse um bloco governista, a indicação do presidente da Câmara se contrapõe ao desejo do governo, que quer no posto um parlamentar mais alinhado à bancada do PT, por considerar que a relatoria é a função mais importante do colegiado.
Isso porque o parlamentar que assumir o cargo vai ser o responsável por coletar os dados que vão compor o relatório a ser votado pelos demais membros da comissão.
Nos bastidores da Câmara, integrantes do PP dão como certo que a relatoria fica com alguém do partido. Nesse caso, porém, há a tendência da indicação de um deputado considerado moderado, para não tumultuar o andamento da comissão. Foi nesse contexto que Lira sugeriu o nome o parlamentar maranhense.
Se o presidente da Câmara conseguir indicar um relator, o governo não vai ter como vetar o nome, já que Fufuca é líder do PP na Câmara. O partido vem se comportando como aliado de Lula após a articulação do “superbloco” por Lira para garantir a governabilidade do presidente da República, mesmo que o posicionamento nacional do PP seja de oposição.
Essa, inclusive, não é a primeira vez que Fufuca é cotado para relatar uma matéria de interesse do governo. Ele chegou a ser considerado para relatar a proposta das novas regras fiscais, mas o presidente da Câmara acabou escolhendo outro deputado do Progressistas, Cláudio Cajado (BA), para a função.
Indicações do governo
A base do governo no Congresso Nacional quer emplacar o mesmo time que esteve à frente da CPI da Covid no comando da CPMI do 8 de Janeiro. A intenção dos governistas é destacar os quadros mais experientes e treinados do Senado nessas situações, para neutralizar a narrativa da oposição sobre os atos de vandalismo às sedes dos Três Poderes.
Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE) devem ser indicados para compor a comissão pelo lado do governo. Durante a investigação da CPI da Covid, em 2021, Aziz presidiu os trabalhos, Randolfe assumiu a vice-presidência, Renan ficou com a relatoria, e Humberto era membro-titular.
Indicações da oposição
Do lado da oposição, os nomes mais cotados pela Câmara até o momento foram os dos deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), Delegado Alexandre Ramagem (PL-RJ) e André Fernandes (PL-CE). No Senado, Magno Malta (PL-ES), Jorge Seif (PL-SC) e Rogério Marinho (PL-RN) aparecem como favoritos para as cadeiras na comissão. As indicações devem ser decididas ainda nesta semana.
As lideranças do PL chegaram a resistir ao nome de Eduardo Bolsonaro na CPMI, já que a oposição teme a associação dos atos de vandalismo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eduardo vai ter a tarefa de defender a família e desvincular a imagem do ex-chefe do Executivo federal dos extremistas que depredaram as sedes dos Três Poderes.