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Após demissão de ministro, governistas defendem CPMI dos atos golpistas

Após demissão de ministro, governistas defendem CPMI dos atos golpistas

Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que posição mudou após imagens do ex-ministro chefe GSI, general Gonçalves Dias, com manifestantes durante o dia 8 de janeiro

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Um dia depois de líderes do governo pedirem o adiamento da sessão do Congresso destinada à leitura do pedido de instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas – capitaneada por parlamentares do grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – deputados da própria base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mudaram de posição.

Eles passaram a defender a instalação da CPMI logo após a aparição das imagens de que o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Edson Gonçalves Dias, supostamente facilita o trânsito de vândalos no Palácio do Planalto durante os protestos de 8 de janeiro. O ministro pediu exoneração do cargo.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) disse que “o fato de hoje” mudou a posição do governo sobre a CPMI. “Se o presidente (do Congresso Rodrigo Pacheco) ler CPMI e partidos quiserem, vamos estar dentro.” Guimarães também afirmou que o governo vai ser o primeiro a indicar membros da comissão. “Queremos apuração ampla, geral e irrestrita, doe em quem doer.

Se o Congresso quiser instalar CPMI, estamos prontos para ajudar, inclusive para investigar.”

“Ganhou força do nosso lado a tese dos que defendiam que a CPMI era boa desde o começo. Essa CPMI vai ser uma dor de cabeça para Bolsonaro, para deputados bolsonaristas. É uma mudança de página. Agora é ir para a CPMI para a ofensiva política”, disse Lindbergh.
O deputado Zé Neto (PT-BA) pontua que é preciso dar prioridade ao arcabouço fiscal e reforma tributária, mas entende que há espaço para a instalação da comissão. “Tenho uma preocupação grande com a situação econômica do País, vejo a CPMI com ressalvas, mas defendo que ela seja instalada no segundo semestre”, afirmou.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, o tema ainda gera divergências no governo. Inicialmente, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), negou a possibilidade de apoio à comissão de inquérito. A oposição concentra todos os esforços para que seja feita a leitura do requerimento da CPMI, de autoria do deputado André Fernandes (PL-CE).
A estratégia parte de encontrar uma responsabilização do governo federal, sob a alegação de que tinha conhecimento prévio das manifestações e preferiu não reforçar a segurança do entorno da área dos Três Poderes. Enquanto o governo agia para adiar a sessão do Congresso, deputados bolsonaristas usaram das comissões para pressionar ministros sobre o 8 de janeiro.

Nesta quarta-feira, Gonçalves Dias era esperado na Comissão de Segurança Pública. Ele inclusive confirmou presença, às 10h, para se explicar para os deputados. Após ser noticiado que que ele aparecia em imagens do circuito interno de TV do Palácio do Planalto sem confrontar invasores golpistas que depredaram o prédio nos ataques de 8 de janeiro, Dias apresentou atestado médico, às 13h, justificando a ausência.

O documento assinado pelo médico João Luiz Henrique da Silveira relatou que o então ministro teve um “quadro clínico agudo com necessidade de medicação e observação”, sem especificar a causa ou código de doença.

Deputados logo aprovaram em seguida uma convocação de Gonçalves Dias, obrigando-o a comparecer à Câmara para explicar as ações no 8 de janeiro. Mais tarde, ele pediu demissão, aceita por Lula durante encontro com o general.

“Governo está preocupado em aprovar reforma tributária”

Após anunciar apoio da bancada à instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), Guimarães (PT-CE) reforçou que a preocupação da atual gestão é apoiar as novas metas fiscais do país. “CPMI para quem é governo não serve, eu já fui oposição”, disse. “Governo está preocupado em aprovar reforma tributária, aprovar as novas metas físicas, piso da enfermagem, dinheiro para universidades, lei das Fake News”, disse em coletiva à imprensa.

Ele garantiu que o governo vai trabalhar para dar celeridade na tramitação do novo arcabouço fiscal, regra que, segundo ele, sinaliza credibilidade com preservação de investimentos em áreas sociais, cumprindo promessas de campanha.

O texto chegou nessa terça ao Congresso, mas o nome do relator ainda precisa ser divulgado. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse esperar que a matéria seja votada até o dia 10 de maio na Casa.

FONTE Correio do Povo, com AE