Apenas uma constatação de fatos….
Diário de uma coroa
Socorro, preciso de um upgrade
Hoje cheguei a conclusão que estou velha.
Não porque a carcaça está se deteriorando, a ossada enferrujando e os cabelos branqueando.Isso apenas faz parte do pacote que recebemos ao nascer e por insistirmos em ainda continuarmos por aqui. É aceitável.
Estou velha porque não consigo mais acompanhar as mudanças de comportamento sem me surpreender e sem pensar que este mundo está se tornando um lugar difícil de viver.
Sou de uma geração que queria mais do que tudo liberdade e independência. Que queimou sutiã e queria ser hippie.
Hoje leio as novas regras de convivência de ambos os sexos e me surpreendo com coisas tão ridículas quanto a recomendação de não dar mais dois beijinhos e nem tocar na pessoa enquanto se conversa pois isso é considerado assédio sexual.
“Sacramento” como diria o vô Luis.
Estamos regredindo, voltando a uma “Era Vitoriana” onde tudo era proibido e tudo era pecado. Hoje aparentemente o pecado não existe mais, o que existe é uma patrulha de comportamento, um politicamente correto onde as coisas não são mais chamadas pelos seus nomes populares e sim por aberrações criadas por mentes privilegiadas que ditam regras e infernizam nossa vida.
Não existem mais negros, brancos e amarelos, só afro descendentes, caucasianos e asiáticos.
E que dizer dos cafuzos, mamelucos, mulatos e bugres que aprendemos na escola? Falar neles é considerado preconceituoso e dá cadeia sem direitos a regalias como na Papuda.
Não existem mais frescos, invertidos, giletes (estes tirei do baú da memória) e sapatões.
Não existe mais feminino e masculino, só identidade de gênero.
Preciso tempo para me acostumar com tudo isso.
Preciso aprender o que fazer quando conhecer alguém.
Posso dar dois beijinhos?
É apenas um ser humano independente da cor ou devo identificá-lo corretamente?
Ai meu Deus, e qual será o seu gênero? Não sei mais identificar quem é homem ou mulher.
Socorro, preciso urgentemente de uma atualização, de um upgrade no programa ou serei considerada fora de uso, descartável, resignada ao esquecimento dentro de um baú de memórias mortas.
Viviane MForesti
