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Agrotóxico: um inimigo oculto presente nas águas

Pesquisa aponta que os peixes não identificam a presença dos agroquímicos, o que compromete sua capacidade de observação e preservação

 

Os agrotóxicos estão entre as principais fontes de contaminação de águas no Brasil. Somado a isso, o crescimento das cidades e a falta de atenção com o meio ambiente colocam em risco a vida aquática. Essa preocupação é pauta de mais um importante estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Passo Fundo (UPF), em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Unesp.

 

Em áreas onde existe alta produção agrícola, nascentes e corpos de água sofrem com a quantidade de agrotóxicos que chegam. Consequentemente, esses produtos, como fungicidas e herbicidas, acabam atingindo organismos que vivem nesses ambientes. Pensando em verificar essa realidade, a pesquisa trouxe o seguinte questionamento: os agrotóxicos são percebidos ou não pelos peixes? Para responder, peixe-zebras adultos foram testados em uma câmara que permite que o animal escolha escapar ou procurar uma pista de água contaminada com os compostos.

 

A descoberta preocupante foi que, mesmo sendo prejudiciais à saúde dos peixes, os agrotóxicos não são percebidos por eles. “Os peixes não percebem a presença do composto, mesmo em doses bem altas, sendo assim, não os evitam. Com o estudo, também mostramos que o glifosato, o mais usado de todos, é percebido e evitado. Ele causa dor nos peixes por ser cáustico. O problema é que mesmo sendo ‘aversivo’, em condições de cultivo, os peixes não têm para onde fugir, sendo a presença do glifosato um fator de estresse e desconforto”, explica o professor Dr. Leonardo Barcellos, um dos integrantes da equipe.

 

O grupo de trabalho contou ainda com os pesquisadores João Gabriel Santos da Rosa, Murilo Sander de Abreu, Ana Cristina Varrone Giacomini, Gessi Koakoski, Fabiana Kalichak, Thiago Acosta Oliveira, Heloísa Helena de Alcântara Barcellos e Rodrigo Egydio Barreto.

 

Sem reação, futuro comprometido

Barcellos explica que os peixes dependem de quimiorrecepção para lidar com vários desafios ambientais, tais como encontrar comida, companheiros e evitar predadores. A execução desses comportamentos é baseada na lógica de se aproximar ou evitar esses ambientes. Segundo ele, tanto a atração quanto a aversão tem forte significado biológico e toxicológico. Sem a percepção desses contaminantes, os peixes permanecem por longos períodos na presença das substâncias e tendem a absorver concentrações mais elevadas do que aqueles que escapam de locais contaminados.

 

Entre as constatações, verificou-se velocidade afetada e a coordenação motora alterada, o que compromete a percepção do peixe para escapar da zona infectada.

 

Foto: Divulgação

No Brasil, os agrotóxicos são a segunda causa de contaminação das águas

 

Assessoria de Imprensa

Universidade de Passo Fundo