Associação cobra que governo contrate profissionais da área de saúde psicológica para atender militares
A Associação Beneficente dos Servidores de Nível Médio da Brigada Militar e dos Bombeiros (Abamf) enviou a Rádio Guaíba, nesta terça-feira, um comunicado lamentando o falecimento do tenente Marcos Antônio do Amaral, do 12º Batalhão de Polícia Militar de Caxias do Sul. O soldado, que faleceu nessa segunda-feira, se tornou o quinto policial militar a tirar a própria vida só nos três primeiros meses deste ano.
“A tropa está doente. Entre os indicadores que apontamos, está a pressão pela cobrança. Já registramos, ao Comando da BM, nossa preocupação com vários indicadores de assédio moral. Vamos buscar uma investigação, para que o Estado possa acordar para essa situação”, declarou o presidente da Abamf, José Clemente.
O comunicado, por fim, acusa o Executivo Estadual de fechar ‘os ouvidos ao clamor dos militares’ e de ‘passar demagogicamante à opinião pública uma sensação de normalidade’.
A reportagem tenta contado com a Corregedoria-Geral da BM. O espaço está aberto para manifestações.
Leia na integra a nota da Abamf:
Na tarde de hoje, segunda-feira (20/03), é registrado o quinto suicídio de Policial Militar no Rio Grande do Sul.
Alguns apresentam diferentes teorias e motivações, até querer justificar este tipo de tragédia anunciada, mas, mais uma vez, chamamos a atenção do Governo do Estado em razão destes tristes e gravíssimos episódios que vêm se agravando nos últimos três anos.
Nosso alerta como Entidade que representa os Policiais e Bombeiros Militares no Rio Grande do Sul tem sido constante ao Comando-Geral da Instituição, ao Governo do Estado e até mesmo à Assembleia Legislativa. Mas, é necessário atitude.
Quando levamos esta preocupação já no primeiro ano da sequência de suicídios que vinha ocorrendo, o próprio comando da Brigada Militar, demonstrou ações no sentido de tratar desta questão, entre as medidas, o programa ANJOS, que seria uma espécie de terapia com conversas com a tropa, buscando identificar e dar os encaminhamentos necessários, porém, nesse mesmo ano, um integrante, multiplicador do programa, cometeu suicídio.
Seguimos tratando dessa gravíssima situação da qual inclusive devemos evitar de fomentá-la abertamente, para não provocar, ou aguçar, tal sentimento.
Ainda agora em fevereiro de 2023, em reunião com o Governo do Estado, onde também o Comando da corporação estava junto, o assunto foi um dos pontos da pauta.
Demonstrando estar a par desta preocupação, o Comando-Geral exibiu o planejando que prevê a contratação de inúmeros profissionais da área de saúde psicológica para a Instituição e que esbarra literalmente, na “autorização” governamental. Enquanto isso, os números seguem aumentando e a dor da familia brigadiana aumenta cada dia.
Há muito tem se dito, “a tropa, está doente”. Notadamente, até para leigos, algo está afligindo aos militares estaduais, sem qualquer sombra de dúvidas.
Não nos basta discursos de investimentos em materiais e armamentos, queremos tratamento da saúde especialmente mental, para aqueles que cuidam da segurança da comunidade gaúcha.
Reiteramos: a tropa está doente.
E o Governo do Estado fecha os ouvidos ao clamor dos Militares Estaduais e intentam passar demagogicamante à opinião pública uma sensação de “normalidade”.
Reiteramos a tropa está doente, senhor Governador do Estado!
Como Entidade representativa, vamos estudar medidas em relação a este cenário degradante dos militares estaduais.