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terça-feira 16 abril 2024
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Odebrecht confirma que Temer pediu “apoio” para Skaf

Nas alegações finais o PSDB, autor da ação, pede que o presidente seja excluído do processo

  Segundo relato do empreiteiro,o pedido aconteceu antes do jantar no Palácio do Jaburu no fim de maio de 2014  | Foto: Marcos Corrêa / PR / CP

Segundo relato do empreiteiro,o pedido aconteceu antes do jantar no Palácio do Jaburu no fim de maio de 2014 | Foto: Marcos Corrêa / PR / CP

Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo, disse em acareação com o ex-diretor da empreiteira Cláudio Melo Filho que recebeu do então vice-presidente Michel Temer um pedido de “apoio” para a campanha de Paulo Skaf (PMDB) ao governo de São Paulo em 2014. Segundo relato do empreiteiro, o pedido aconteceu antes do jantar no Palácio do Jaburu – no fim de maio de 2014 -, no qual o ex-presidente da Odebrecht disse ter acertado com o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o repasse de R$ 10 milhões para campanhas de candidatos do PMDB nas eleições daquele ano.

A conversa com Temer, segundo Marcelo Odebrecht, foi “totalmente institucional”. O conteúdo da acareação faz parte do processo que vai julgar o pedido de cassação da chama Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nas alegações finais o PSDB, autor da ação, pede que Temer seja excluído do processo.

Conforme o relato de Marcelo Odebrecht, Skaf – com quem ele diz ter relações de amizade – o procurou para pedir R$ 6 milhões na campanha de 2014. O empreiteiro considerou o valor alto e disse ao então candidato e presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que ele deveria convencer Temer a destinar para sua campanha parte dos R$ 10 milhões que seriam repassados pela empreiteira para candidatos do grupo do então vice.

Ele reproduziu a conversa com Skaf: “Paulo, você é um candidato que é apoiado por Michel. Eu estou sabendo que o Michel fez um pedido para apoiar candidatos e que montava 10 milhões”. Na sequência, segundo disse Marcelo Odebrecht, Skaf lhe passou o telefone celular e no outro lado da linha estava Michel Temer. “Marcelo, a importância  de apoiar o Paulo”, teria dito Temer, de acordo com o relato do empreiteiro, que disse ter concordado: “Sim, presidente”.

Segundo Marcelo Odebrecht, a destinação de R$ 6 milhões para a campanha de Skaf só foi decidida dias depois no jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. O relator do processo, ministro Herman Benjamin, solicitou a acareação, realizada no dia 10, com o objetivo de esclarecer divergências entre as versões de Marcelo Odebrecht e Claudio Melo Filho – que foi diretor de Relações Institucionais da empreiteira.

Marcelo Odebrecht disse que em momento algum discutiu valores com Temer. Segundo ele, o então vice-presidente saiu do jantar antes que os detalhes sobre os repasses fossem discutidos. A tarefa teria ficado a cargo de Padilha. Melo Filho, por sua vez, afirmou que Temer participou, sim, da discussão sobre valores. Ambos mantiveram suas versões. Tanto Marcelo Odebrecht quanto o ex-diretor fizeram delações premiadas no âmbito da Operação Lava Jato. Eles não podem contar à Justiça Eleitoral versões diferentes das que apresentaram nas colaborações.

Durante a acareação, Herman Benjamin tentou manter o foco nas contas da campanha da chapa Dilma-Temer. Empreiteiro e ex-diretor disseram não ter ouvido nada sobre a possibilidade de parte dos R$ 10 milhões ter sido usada na disputa presidencial.

A campanha de Skaf em 2014 não declarou doações da Odebrecht. Apesar disso, Marcelo Odebrecht e Melo Filho disseram não ter falado em repasses por meio de caixa 2. Procurado, o Palácio do Planalto informou que não iria comentar o teor da acareação.

Skaf, por meio de sua assessoria, disse que todas as doações recebidas por sua campanha estão registradas na Justiça Eleitoral e a prestação de contas foi aprovada “sem reparo”. “Skaf nunca pediu nem autorizou ninguém a pedir contribuição de campanha que não as regularmente declaradas”, diz a nota.

Correio do Povo




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