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quinta-feira 25 abril 2024
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Milhares de guatemaltecos pedem saída do presidente por corrupção

Otto Pérez seria líder de quadrilha que burlava pagamento de impostos alfandegários

Milhares de guatemaltecos pedem saída do presidente por corrupção | Foto: Orlando Sierra / AFP / CP

                                Foto: Orlando Sierra / AFP / CP
Aos gritos de “Renuncia já!”, milhares de pessoas, lideradas por universitários, marcharam nessa quinta-feira na capital da Guatemala para exigir a saída do presidente Otto Pérez, cujo governo se encontra cada vez mais debilitado e isolado devido a seu suposto envolvimento em fraudes na alfândega. “O presidente deve renunciar diante do pedido do povo”, disse a professora da Universidade de San Carlos Miriam Flores. Vuvuzelas, bandas musicais e fogos de artifício foram usados durante a manifestação.


“Otto, a prisão te espera”, “A corrupção está tirando nossas vidas”, “Otto ladrão”, diziam alguns dos cartazes que os manifestantes levavam durante a marcha que saiu da sede central da USAC, na periferia sul da capital, até o centro histórico, onde se unirá aos protestos de outros manifestantes que repudiam Pérez. “Esta é uma marcha histórica, o presidente é um covarde e já não representa a unidade nacional”, declarou o estudante Iván Castillo, um dos milhares de indignados que se uniram à marcha.


Em entrevista à Rádio Sonora nesta quinta-feira, Pérez garantiu que não vai renunciar: “Seguirei à frente do nosso país, não vou fugir”. No domingo passado, Pérez já havia manifestado a decisão de permanecer no cargo, em mensagem em rede nacional de rádio e TV.


O presidente foi relacionado na última sexta-feira a uma rede criminosa conhecida como “La Línea”, que cobrava propina de empresários para burlar o pagamento de impostos alfandegários. A fraude foi revelada no dia 16 de abril pela Procuradoria e a Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), uma organização ligada à ONU.


Segundo a Procuradoria, Peréz é um dos líderes da quadrilha que montou o esquema junto da ex-vice-presidente Roxana Baldetti, que renunciou ao cargo e se encontra em prisão preventiva em um quartel militar da capital, de onde será transferida para uma prisão comum para mulheres.

Procuradoria Geral apoia manifestações 



Ao pedido das ruas a favor da renúncia de Pérez se somaram nas últimas horas a Procuradoria Geral da Nação e a Controladoria Geral de Contas. Antes, a cúpula empresarial havia pedido a demissão do presidente. Enquanto as manifestações aconteciam na capital, outros grupos de manifestantes optaram por bloquear ao menos 10 rodovias no oeste e no norte do país.


Aos protestos se somaram várias empresas que, com o slogan de “greve nacional” contra a corrupção, optaram por fechar seus negócios, inclusive as redes transnacionais de fast food McDonald’s e Domino’s.


Congresso cogita suspender imunidadeCom tom enérgico e negando sua participação no esquema de corrupção, Pérez assegurou no domingo em uma mensagem à população que não renunciará ao cargo e que “dará a cara” para enfrentar a justiça, embora tenha passado cinco dias sem aparecer em público.


“Digo-lhes que não renunciarei e que com toda integridade enfrentarei e me sujeitarei aos processos da lei”, afirmou Pérez em uma gravação transmitida por algumas estações de rádio e canais de televisão.

Renúncia é a recomendação 



Diante da postura do presidente, a Procuradoria Geral, entidade que atua como representante legal do Estado, recomendou nesta quarta-feira a Pérez que renuncie para evitar que o país entre em um período de instabilidade política pelo descontentamento popular.


A PGN “recomenda ao senhor presidente constitucional da República da Guatemala apresentar sua renúncia ao cargo a fim de evitar a ingovernabilidade que traz como consequência a instabilidade da Nação”, afirmou em um comunicado a instituição.


A Controladoria Geral de Contas da Guatemala (CGCG), entidade fiscalizadora dos gastos públicos, se somou à petição, ao afirmar que “para manter a paz social” e evitar “consequências insuspeitas”, o presidente deve renunciar ao cargo.


Com sua ex-vice-presidente em prisão preventiva, como parte da investigação pela fraude, Pérez se encontra em uma encruzilhada legal depois que a Suprema Corte de Justiça aceitou iniciar, por pedido da Procuradoria e da Controladoria, o trâmite parlamentar para tirar-lhe a imunidade (um procedimento que na Guatemala denomina-se ‘antejuicio’) e assim poder submetê-lo à justiça. 
Fonte Correio do Povo




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