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quinta-feira 28 março 2024
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Homenagem a um Pai Ausente.

Recebemos de um ouvinte uma homenagem que ele mesmo, carinhosamente, escreveu a seu pai, que hoje habita o outro lado da vida: o mundo espiritual.

Seu pai era mestre de obras. E a mensagem intitula-se: Ao mestre de obras da vida.

Nós, do Momento Espírita, fizemos da mensagem de um filho agradecido, a nossa homenagem a todos os pais da Terra, ausentes ou não.

Diz mais ou menos assim:

… Então nasci.

Fui alegria para você. Você viu em mim a continuidade do seu nome.

Você sempre zelou pela minha segurança, buscando pessoas e lugares que pudessem ajudá-lo a me fazer viver…

Eu era seu filho e passei a ser a razão do seu viver. Do seu jeito, você me amou e me deu vida.

Mas não é de mim que quero falar. É de você.

Hoje a homenagem é para você. Estou aqui lembrando de nossos parentes que o admiravam tanto, das pessoas que não o conheceram, meus amigos do serviço, alguns vizinhos, outros conhecidos, todos desejam que você faça uma boa viagem e que nos espere um dia, pois você tomou o ônibus da frente, o próximo talvez seja o nosso…

Você nunca demonstrou, mas se angustiava quando precisava ir trabalhar, viajar, e queria estar comigo para me dar segurança.

Quando estava longe pensava com carinho em mim. Ah! Lembra-se de quando apanhei de você por fazer algo errado? Ui! Como doeu… Chorei naquela época, mas nunca o fiz chorar de vergonha ou tristeza pelas minhas atitudes, pois aprendi com você a ser gente.

Você não falou “eu te amo”, mas tudo, tudo o que você fez para mim provou que você me amava.

Estou lembrando das muitas vezes que sentamos juntos para tomar chimarrão. Tinha que ser no horário que você queria: às nove da manhã e às três da tarde.

Mas como era bom!… Quantas coisas você me contou! Quantas risadas demos juntos…

Também resmungamos juntos dos políticos que estão arruinando o país… Dos salários. Da injusta aposentadoria dos idosos, entre os quais você…

Lembro-me das broncas que levei quando fazia algo errado… Dos causos que você me contava… Dos conselhos que recebi de você… Dos incentivos para as boas ideias…

Às vezes eu não gostava dos seus conselhos mas fazia porque sabia que, de alguma maneira, você estava certo.

Sabe, depois que mamãe se foi, ficamos só nós dois por 9 anos e 5 meses. E como valeu.

Aprendi a confiar em seus conselhos, a respeitar sua autoridade de experiência de vida, a buscar sua opinião antes de fazer algo. E sempre que não o escutei, eu errei.

Mas o que eu mais gostei, foi a liberdade que tive com você. Com a liberdade que você me deu, aprendi a ter responsabilidade. Você me ensinou a viver e a me cuidar no mundo. A assumir minhas atitudes. A errar menos para sofrer menos, e nunca prejudicar alguém.

Aprendi que não se deve viver por viver, mas ajudar as pessoas e fazer um mundo melhor, começando por nós.

Também eu o escutei muitas vezes… Suas histórias de tristezas, desenganos, fatos e pessoas que o fizeram feliz, e outras que o fizeram sofrer…

Lembro-me de como você fazia seu serviço… Os problemas que passou na vida… Você me contou sua vida. E com sua vida aprendi que existem pessoas e fatos que nem sempre nos fazem felizes, mas que precisam ser rapidamente superados porque devemos seguir em frente.

Aliás, seguir em frente foi a coisa mais importante que aprendi com você, porque nunca o vi reclamando de alguma situação, mas, sim, tomando atitudes para modificar e melhorar.

Você sempre me dizia: “Se não der certo aqui, tente ali, mas nunca desista.”

E hoje, pensando em você, quero celebrar a vida. Vida que você teve. Vida que você me deu. Vida que vivemos juntos.

Sabe, pai, fiquei muito triste com a sua viagem. Fiquei me perguntando:

“Com quem vou tomar chimarrão? Para quem vou ler as notícias do jornal, no domingo? E os seus palpites do jogo da esportiva, quem vai fazer? Com quem irei conversar? Para quem vou pedir conselhos? Com quem vou desabafar? E os seus causos, quem vai contar?”

Não vou mais fazer sua barba… Não vamos mais ao restaurante comer aquela carne dura que você não gostava…

Não vou ver mais a sua horta de pepinos, repolho, nem plantar girassóis… As flores que você tanto gostava…

Ao chegar em casa não vou vê-lo sentado na sala ouvindo as notícias pelo rádio ou vendo televisão… Não vou mais receber a sua aposentadoria, contar novidades para você, fazer as compras que me pedia… O pão, o leite, a margarina…

Agora a casa está vazia, sem vida, sem a sua vida …

Mas, até imagino você escutando isto… Talvez tenha vontade de chamar minha atenção, pois iria dizer: “Por que está falando bobagens… Meu tempo já passou… O que você está fazendo do seu tempo?”

Talvez me perguntasse se já pintei a casa… Se já aluguei o ponto comercial… Se já cortei a grama…

Você já fez sua caminhada…

Então, neste momento, em respeito a sua memória, eu afasto a tristeza e qualquer sentimento negativo.

Passo a sentir saudades de você, porque a falta continua…

Agora é a minha hora…

Não sei dizer ao certo se eu vim para lhe fazer feliz ou se fui feliz por ter vindo ao mundo através de você.

E até creio que foi bom para você ter a mim como filho. Mas com toda certeza deste mundo, foi muito melhor ter tido você como pai…




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